A intenção é melhorar o fluxo comercial e financeiro sem dependência com o dólar americano
As duas maiores economias da América do Sul deram início na segunda-feira (23), à discussão sobre como uma nova moeda, “sur” (sul), poderia aumentar o comércio regional e reduzir a dependência do dólar. Ela funcionaria inicialmente em paralelo com o real brasileiro e o peso argentino, principalmente em fluxos financeiros e comerciais, o que não significaria a substituição sumária das duas moedas.
Em carta conjunta divulgada antes do encontro entre o presidente Lula e o chefe de estado argentino, Alberto Fernández. Os líderes anunciaram que os países, decididamente, vão avançar nas discussões sobre uma moeda sul-americana comum para que possa ser usada para reduzir os custos operacionais e a vulnerabilidade externa dos dois países.
Durante discurso na Casa Rosada, sede do governo argentino, o presidente Lula questionou sobre o porquê da polêmica: “Por que não tentar criar uma moeda comum como se tentou entre os países dos Brics? Acho que, com o tempo, isso vai acontecer e é necessário que aconteça.”, disse Lula.
“Por que não tentar criar uma moeda comum como se tentou entre os países do Brics?”
Não se trata de moeda única – Em entrevista conjunta com o Ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, Fernando Haddad desmentiu as distorções noticiadas, reiterando que a moeda comum que os dois países estudam criar no futuro, serviria apenas para facilitar transações comerciais. “Não se trata da ideia de Paulo Guedes, mas de avançarmos nos instrumentos previstos e que não funcionaram a contento”. Segundo Haddad, a moeda comum seria utilizada inicialmente apenas no comércio entre os dois países, sem prejuízos ao real e ao peso argentino.
Eu vejo como uma obrigação histórica. Chegou o momento de sermos mais ambiciosos nas nossas pretensões regionais”
Haddad também fez intervenção indireta quanto a importância do projeto fortalecer a soberania dos dois países. “Eu vejo como uma obrigação histórica recolocar o debate de uma integração que deveria ser um pouco mais radical. O Mercosul deu início, mas penso que chegou o momento de sermos mais ambiciosos nas nossas pretensões regionais”, disse.
Moeda forte, nações potentes– No ano passado, Haddad publicou junto com o economista Gabriel Galípolo um artigo no jornal Folha de São Paulo em que propunha uma moeda comum para toda a América do Sul. Ambos defendem que a criação da moeda poderia ajudar países a protegerem sua soberania de possíveis sanções impostas por potências estrangeiras, sobretudo dos EUA, que estão no “topo da hierarquia mundial”, por terem o privilégio de poder emitir a moeda internacional. Não à toa que potências mundiais como China e países da União Europeia adotaram há décadas tais práticas.
Com informações: BBC Brasil
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